Uma prosa poética, pra esquentar esse frio!
Fogueira (Por Dy Eiterer)
Ardia desafiando qualquer inverno.
Seus olhos embrasados eram algo entre um desespero e um chamado, dois demônios internos que abrigava sem reclamar.
E, olhando fixamente um ponto em meu corpo, era capaz de ser convite e correntes: inegável, envolvente. A língua de fogo que lhe saltava, ora dançava com segredos ferventes, ora lambia meus limites, incêndios incontroláveis a subir por colinas.
Em outros tempos eu não saberia ser entre coxas ou orelhas, entorpecido. Era uma fogueira de solstício, celebração de vida e vontades de braços longos a me esperar para o derradeiro momento em que tudo pudesse acabar.
Poderia ser eu o fim das febres, água apaziguadora, calmaria outonal, paz branca de domingo, mas diante daqueles olhos eu sabia que toda calma era pouca e inútil. Para ela eu só poderia ser lenha a ser consumida até o fim e, talvez, quando cinza, nos caberia o descanso.

Deixe um comentário